Escolher o regime tributário ideal para a sua empresa é uma das decisões mais importantes a serem tomadas no momento da abertura do negócio. Isso porque essa escolha impacta diretamente a carga tributária que você pagará, além de afetar a sua gestão financeira e a sua competitividade no mercado. Com isso em mente, é fundamental entender as opções disponíveis e como fazer uma análise criteriosa para selecionar o melhor regime tributário.

Conheça os regimes tributários

No Brasil, as empresas podem optar por diferentes regimes de tributação, de acordo com o faturamento, o modelo de negócio, e atividades. Os principais regimes tributários são:

Cada um desses regimes tem suas particularidades e é voltado para perfis de empresas distintos. A escolha errada pode resultar em uma carga tributária mais alta, além de problemas com a Receita Federal.

MEI: Microempreendedor Individual

O MEI é a opção mais simples, voltada para pequenos empreendedores com faturamento anual de até R$ 81 mil, o que equivale a uma média de R$ 6.750,00 por mês. Nesse regime, os tributos são pagos por meio de um valor fixo mensal, que varia entre R$ 71,60 e R$ 76,60, dependendo da atividade, englobando INSS, ISS (para prestadores de serviço) e ICMS (para comércio e indústria).

Vantagens do MEI:

Desvantagens:

Caso o faturamento da empresa ultrapasse o limite de R$ 81 mil anuais, o empreendedor precisará migrar para outro regime tributário, o que pode elevar significativamente a carga tributária.

Simples Nacional

O Simples Nacional é um regime simplificado voltado para microempresas e empresas de pequeno porte, com faturamento anual de até R$ 4,8 milhões. A principal vantagem desse regime é a unificação de tributos em uma única guia de pagamento (DAS), facilitando o cumprimento das obrigações fiscais.

A alíquota no Simples Nacional varia conforme o faturamento e a atividade da empresa, podendo ir de 4% a 33% sobre a Receita Bruta mensal. As empresas são enquadradas em um dos anexos (de I a V), que determinam a alíquota inicial e a forma de cálculo. A alíquota dos tributos aumenta progressivamente, junto com o faturamento acumulado dos últimos 12 meses.

Vantagens do Simples Nacional:

Desvantagens:

Lucro Presumido

No Lucro Presumido, a base de cálculo do Imposto de Renda (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) é calculada com base em uma presunção do lucro da empresa. Esse regime é indicado para empresas que possuem margens de lucro altas e não têm um controle preciso de suas despesas. O faturamento anual da empresa no Lucro Presumido pode ser de até R$ 78 milhões.

A Receita Federal presume um percentual de lucro que varia entre 8% (comércio e indústria) e 32% (serviços), e sobre esse percentual são aplicadas as alíquotas de IRPJ (15%) e CSLL (9%). Incidem sobre a Receita Bruta as contribuições de PIS e Cofins, além de IPI para indústrias, ICMS para empresas comerciais e ISS para empresas de serviços.

Na prática as empresas recolhem entre 16% e 23% de tributos totais sobre o Faturamento, mais os encargos sobre a folha de pagamento, que correspondem a algo em torno de 35% do valor da Folha de Salários. Como os tributos são calculados sem levar em consideração os custos e despesas, empresas com margens de lucro pequenas não encontram um cenário vantajoso nestes regime, pois podem acabar pagando sobre uma presunção de lucro superior a suas margens reais.

Vantagens do Lucro Presumido:

Desvantagens:

Lucro Real

O Lucro Real é o regime mais complexo e o mais utilizado por grandes empresas ou aquelas que possuem margens de lucro pequenas. Nesse regime, o Imposto de Renda e a Contribuição Social são calculados com base no lucro efetivamente obtido pela empresa, ou seja, a receita bruta menos os custos e despesas totais.

Apesar de ser um regime que exige maior controle e apuração, o Lucro Real pode ser muito vantajoso para empresas com margens de lucro baixas ou que operam em setores com alta possibilidade de aproveitamento de créditos fiscais, como indústrias e empresas exportadoras. Este regime também é de adesão obrigatória em algumas atividades, como revenda de combustíveis, e para faturamentos superiores a R$ 78 milhões anuais, o que equivale a R$ 6,5 milhões mensais.

Vantagens do Lucro Real:

Desvantagens:

Como escolher o regime tributário ideal?

Agora que você já conhece os principais regimes tributários, é importante entender como realizar uma análise prática para definir qual o regime ideal para a sua empresa. Esta escolha deve ser realizada com uma análise minuciosa das características, estimativas e estrutura de custos e despesas do negócio. Para empresas em início de atividade, é ideal elaborar um plano de negócio, com o melhor nível de detalhamento possível, e assim ter mais dados para embasar bem a escolha. Alguns fatores precisam ser considerados na hora de fazer essa escolha:

1. Faturamento estimado

O faturamento anual estimado é o primeiro critério a ser analisado. Para empresas com faturamento abaixo de R$ 81 mil, o MEI é a opção mais vantajosa. Já para empresas que faturam acima desse limite, é necessário avaliar entre o Simples Nacional, Lucro Presumido ou Lucro Real.

2. Custos diretos estimados

É importante analisar os custos diretos relacionados à operação do seu negócio, como insumos, matéria-prima e mercadorias. Empresas com alto custo de produção podem se beneficiar do Lucro Real, já que esse regime permite o aproveitamento de créditos fiscais.

3. Despesa com folha de pagamento

A folha de pagamento também deve ser considerada. No Simples Nacional, algumas atividades têm incentivo na carga tributária, pela mudança entre anexos, em função de uma folha de pagamento grande, o que pode tornar o regime mais atrativo. Outra vantagem é recolher os custos sobre a folha, com base na Receita Bruta, e não com base na folha. Nesse caso, novamente o Simples Nacional se mostra vantajoso quando a folha de pagamento da empresa é elevada em relação ao seu faturamento.

4. Despesas operacionais e totais

As despesas operacionais e administrativas também impactam diretamente na escolha do regime. Empresas com altos custos operacionais tendem a ter lucro líquido mais baixo, o que pode justificar a escolha pelo Lucro Real.

5. Lucro estimado

Por fim, o lucro líquido estimado é um dos fatores cruciais. Empresas com margens de lucro mais baixas se beneficiam do Lucro Real, já que a tributação será feita sobre o lucro efetivo e não sobre uma presunção, como ocorre no Lucro Presumido.

Conte com o apoio de um contador especializado

A escolha do regime tributário é uma decisão estratégica que deve ser feita com base em uma análise detalhada da realidade da sua empresa. Por isso, é essencial contar com o suporte de um contador especializado, que possa simular os diferentes cenários tributários e identificar aquele que trará a menor carga tributária possível.

Cada empresa é única, e o regime que é vantajoso para uma pode não ser para outra. Dessa forma, antes de tomar uma decisão, busque uma assessoria especializada para garantir que a sua empresa estará no melhor caminho do ponto de vista tributário e financeiro.

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